sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Observações em Barcelona, antes da viagem em grupo

Bom Dia !!!!

A noite foi reparadora.

O despertador foi ligado mas acabei por acordar antes dele. E acordei com aquela sensação boa de que o (dis)stress de ontem se tinha convertido numa agradável síntese de que tudo estaria ok com o equipamento, de que não faltaria nada e de que mesmo que faltasse seria facilmente recuperável em Kathmandu.

Assim, de cabeça fresca e olhar sorridente, com um saboroso banho tomado, como que a água animada pela Luz lilás a cair sobre a minha cabeça e o meu corpo, fui tomar um bom pequeno almoço de tipo buffet.

A variedade de frutas era muito aceitável e optei pelos kiwis, meloa, melancia e ananás, acompanhados por sumos naturais de laranja e de ananás. Depois, uma passagem pelos queijos, que acompanhei com um pão de cereais e com muita fibras e um café expresso de qualidade apenas aceitável. Uns docinhos muito agradáveis acompanharam um último café expresso.

O ambiente da sala era assim misturado de pressas, de movimentos rápidos, em que não havia tempo para parar e esboçar um sorriso.

A crise sente-se, também em Espanha…

Os rostos carregados e um apetite voraz! Os pratos a encherem-se de comida, como se o pequeno almoço buffet do Hotel servisse para dar energias para um dia de muito trabalho.

Nota-se agora este sentimento de falta de esperança num futuro sorridente.

E é como se tivesse voltado à Espanha de há 30 e muitos anos quando havia gentes que não sorriam e em que os recursos eram escassos... Agora são imensos mas sente-se que imensamente mal repartidos.

Procuro movimentar-me por entre estas gentes, sem pressas, com a certeza de que a comida chega e que importa aproveitar estes momentos, para alimentar o corpo e não deixar de sorrir.

Os estrangeiros que passam pelo buffet são japoneses e de países da Europa de Leste, com ar de turistas de todo o ano e de empresários à pressa.

Aqui e ali, umas raparigas de países da América latina e de países do leste, com ar de se aventurarem na Europa na busca de melhores oportunidades de vida, mas com um ar, que sinto como que, de desamparo.

Os empregados correm pela sala para que nada falte, porque quando a luz de empty numa qualquer máquina se acende os gestos das gentes ficam carregados de desespero, e só sossegam quando os empregados dizem: «Há mais, já vamos buscar.»

É assim como se as pessoas temessem que de repente algo se esgotasse… E esse algo terá a ver, forçosamente, com a desilusão dos sonhos de há alguns anos, de um futuro cada vez mais rico e com mais bens à disposição, que se revelou uma utopia.

E ainda bem que assim foi, porque de outro modo o Mundo clivar-se-ia de uma forma abrupta entre o mundo dos Ricos e o Mundo dos Pobres, cavando cada vez mais esse fosso separador desses dois mundos.

O desenvolvimento terá que ser sustentado por valores de humanismo que a Europa não tem conseguido passar.

Falta-nos uma Europa Social, de rosto Humano, sem a burocracia do poder económico, cego pelo lucro fácil à custa das gentes que, dia a dia, de forma abnegada, trabalham para suprir as necessidades básicas das suas famílias.

A Europa tornou-se uma família de gentes mal-adoptadas por essa paternidade franco-alemã, que nem os seus próprios filhos alimenta, e que trata os filhos dos outros como mão de obra barata e desqualificada.

Esperemos que a crise faça com que esta Europa encontre novos caminhos sem que para isso seja necessário haver guerra.

É importante perceber que a desesperança que se vive em Portugal não é um sentimento apenas português e que por aqui também se sente. E de que maneira!! Talvez por aqui terem sido acalentados sonhos de utopias durante mais tempo, num período em que parecia que a luta pelos recursos estava ganha e que se poderia sonhar com um bem-estar duradouro.

Já vos escrevo estas notas do quarto.

Daqui a pouco chegarão de Málaga os meus companheiros de Expedição e por isso vou tratar de fazer o check-out e de pedir transporte para o Aeroporto El Prat, para ficar por lá à espera deles.

Estou tranquilo e sorridente.

Com vontade de os encontrar e de, a partir daí, encontrar um novo grupo de Amigos, fundamental para que os dias de Expedição sejam dias felizes, de partilha e de crescimento, enquanto seres pensante, com sede de um Futuro em sintonia com os Outros e com os elementos. Com as Montanhas, com os rios, com os vales e com a Vida.

Abraço-Vos a Todos com o meu sorriso e com olhos de Futuro !

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Jorge Ribeiro

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